segunda-feira, 14 de julho de 2008

1968!


The Edukators


A constestação nos dias atuais no encerramento do ciclo 1968: o ano que jamais terminará!
Palestras de Enrique Padrós e Gabriela Rodrigues.


Sábado, dia 19 de julho às 15 horas e 30 minutos na Sala Redenção.


segunda-feira, 2 de junho de 2008

Dia 07/06

Atenção:

para o dia 07/06 será oferecida a venda de ingressos avulsos conforme a disponibilidade de lugares da sala, a partir das 15 horas e 35 minutos.Filme: A bela da tarde comentado por Letícia Schneider e José Orestes Beck.
Aviso de alteração de datas:
O filme O planeta dos macacos passou do dia 28/06 para dia 05/07.
O filme Barbarella passou do dia 05/07 para dia 28/06.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Ingressos para 31/05

Atenção:

para o dia 31/05 será oferecida a venda de ingressos avulsos conforme a disponibilidade de lugares da sala, a partir das 15 horas e 35 minutos.
Filme: Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita de Elio Petri
comentado por José Rivair Macedo e Rafael Hansen Quinsani

terça-feira, 20 de maio de 2008

Ingressos para o dia 24/05

Atenção:

para o dia 24/05 será oferecida a venda de ingressos avulsos conforme a disponibilidade de lugares da sala, a partir das 15 horas e 35 minutos.

Filme A confissão de Costa-Gavras

comentado por Luiz Dario e Alexandre Andrade


domingo, 11 de maio de 2008

Ingressos para o dia 17/05

Atenção:

para o dia 17/05 será oferecida a venda de ingressos avulsos conforme a disponibilidade de lugares da sala, a partir das 15 horas e 35 minutos.

UM CONVIDADO BEM TRAPALHÃO



UM CONVIDADO BEM TRAPALHÃO



Blake Edwards, The Party, EUA, 1968



Texto da contracampo revista de cinema.



Á época do lançamento de Um Convidado Bem Trapalhão, Pascal Bonitzer, obcecado com as questões políticas que se incrustavam ao universo artístico (crítica inclusa) naquele momento, escreveu nos Cahiers du Cinéma: "Um ator que simboliza o terceiro-mundo destrói uma mansão que simboliza Hollywood – uma alegoria da revolução que vai revolucionar o cinema". 1968, portanto, não rendeu apenas a precipitação de uma série de propostas vanguardistas e militantes no cinema: o sentimento de que muita coisa acontecia simultaneamente – e de que a única forma de captar essa ebulição era através de uma representação da desordem – pode ter inspirado também uma brilhante comédia de Blake Edwards. Embora o diretor diga que estava apenas querendo encenar algumas gags ao lado de Peter Sellers – e que no máximo queria mostrar uma outra forma de fazer cinema, um novo alicerce de comédia (e essa sacudida na estrutura já não seria uma sugestão de revolução estética?) –, a análise de Bonitzer é no mínimo uma maneira muito interessante de dizer que o cinema, no final dos anos 60, se achava já embrenhado pelas vias mais inusitadas.Um Convidado Bem Trapalhão foi o filme em que Edwards experimentou uma incrível liberdade de criação, falando de dentro de Hollywood – ou seja, um filme implosivo – como se estivesse ao mesmo tempo satisfeito e profundamente desdenhoso em relação a tudo que aquele universo representava. Não havia roteiro para o filme, apenas linhas gerais de ação e de descrição dos personagens, anotações a partir das quais tudo era improvisado. A clássica cena da festa em Bonequinha de Luxo, em 1961, já tinha sido em grande parte improvisada, como um momento encantado em que se pressagiava o prazer indescritível que seria acompanhar passo a passo – quase em "tempo real" – a festa de Um Convidado Bem Trapalhão. No prólogo deste filme, Hrundi Bakshi (Peter Sellers), o ator indiano (o tal símbolo do terceiro-mundo) que compõe o elenco de uma superprodução hollywoodiana como extra, descansa o pé sobre um detonador e dinamita o set de filmagem antes mesmo da câmera estar ligada (uma revolução distraída?), o que leva o diretor do filme dentro do filme ao desespero. Na cena seguinte, uma falha na telecomunicação faz com que Hrundi, ao invés de ser despedido e denunciado para a comunidade cinematográfica como um desastre ambulante, seja convidado para um evento da alta roda de Hollywood. Após se transportar para a festa, a narrativa se desenvolve e se conclui praticamente sem fazer elipses temporais. As únicas elipses são de espaço – pois Edwards certamente escolhe aquilo que deve e que não deve mostrar com fins cômicos milimetricamente programados. É explorando essa duração total dos eventos que Edwards levará até o limite, por exemplo, o efeito cômico da agonia de Hrundi ao encontrar o banheiro ocupado e ficar rodando a casa toda procurando algum lugar para aliviar a bexiga. Essa seqüência dá uma amostra quase completa do que o filme tem de especial: a mestria da duração, o trabalho precioso com o espaço (uma casa modernosa que remete à sátira arquitetônica de Meu Tio – e Jacques Tati é uma influência confessa), a lógica de acúmulo (gags se somando até não caberem mais nos limites do filme e este transbordar de vez), a função dramática que os objetos adquirem (a estátua de um anjo urinando e o sistema de irrigação do jardim intensificando o desconforto de Hrundi). No meio dessa angustiante e fantástica excursão, quase uma encenação daquele pesadelo em que queremos ir ao banheiro e ocorre sempre algo que impede, a linda Michele Monet (Claudine Longet), a atriz francesa que se interessa por Hrundi assim que o conhece, canta uma música ao violão enquanto o personagem de Sellers se contorce junto a uma pilastra, tentando mostrar que está apreciando a canção, mas no fundo apertadíssimo para fazer xixi. Para fechar a seqüência, Sellers acha finalmente um banheiro desocupado no segundo andar da casa e passa maus momentos ao se desentender com a descarga.Não importa o quão simples ou – melhor ainda – desinteressante seja a situação, Blake Edwards sempre acha um jeito especial de compor as gags. Apesar de ser um cineasta surgido já numa etapa avançada do pós-guerra, ele não fez parte da Nova Hollywood (aquela de Scorsese, Coppola, De Palma, Spielberg). Em texto publicado na Senses of Cinema, June Werrett explica bem essa posição de Edwards ao mesmo tempo prolongando o classicismo e incorporando formas modernas de explorar a cor, a iluminação e a concepção de atmosfera. Ele chega a ser visto por alguns como uma extensão moderna de Ernst Lubitsch (e de fato desde filmes como Ninotchka e A Viúva Alegre não se viam tantas portas abrindo e fechando repetidamente, num verdadeiro balé de comédia física). Um Convidado Bem Trapalhão é um excelente exemplo desse prolongamento do clássico através de um instrumental estético moderno. Trata-se, também, de uma das mais elegantes comédias vulgares de todos os tempos: o slapstick mais autêntico divide o quadro com uma sofisticação inabalável. A trilha de Henri Mancini, que uma bandinha de jazz toca na festa, traduz com precisão o clima agradável do filme, contribuindo para uma estética lounge. Mas essa ambiência em que tudo a princípio parece equilibrado, relaxante, começa a ceder espaço ao caos. No final, quando chegam os amigos da filha da dona da casa (acompanhados de um elefante pintado com mensagens de protesto pacífico), a mansão já se tornou um parque de diversões cujos brinquedos fugiram ao controle e ficam dando voltas e voltas com seus passageiros. Figuras doces em meio aos tubarões da indústria cinematográfica, Hrundi e Michele escapam pela manhã e saem no carrinho engraçado do indiano. Para fazer jus à ambigüidade da aproximação entre homens e mulheres na obra de Edwards, eles não trocam um beijo, apenas se despedem parecendo tanto dois bons amigos quanto amantes em potencial. Naquela magnífica cena da confusão no final da festa, mesmo que a despeito das intenções de Edwards, a revolução já estava feita – para o bem do cinema.




Luiz Carlos Oliveira Jr.

domingo, 4 de maio de 2008

Ingressos para o dia 10/05

Atenção:
para o dia 10/05 será oferecida a venda de ingressos avulsos conforme a disponibilidade de lugares da sala, a partir das 15 horas e 35 minutos.

sábado, 26 de abril de 2008

Pra frente Brasil - Dia 10/05


Da memória da alegria


Gerson Fraga

Quarta-feira, 26 de março. Depois de uma tarde de aulas, tentando discutir historiografia sem que os alunos tenham lido o texto indicado, chego em casa e me deparo com uma mensagem do amigo Quinsani. Nele, uma proposta: redigir um breve texto sobre a Copa do Mundo de 1970 para este espaço, a fim de relacionar sua leitura com o filme “Pra Frente Brasil”. Proposta aceita.
Quinta-feira, 27 de março. Chego na universidade e a Tatiana, que tudo sabe do mundo das telas e da bola, vem correndo me emprestar uma relíquia de família: uma Revista Manchete, de 20 de junho de 1970. Na capa, Jairzinho dribla dois ingleses sob o olhar atento de Pelé, que, semi-encoberto, acompanha a jogada ao longe. Dentro da revista, 28 páginas são dedicadas às vitórias sobre ingleses e tchecoslovacos (ainda era uma coisa só naquele tempo). Sobre a situação política, quase nada, apenas uma entrevista do Chico Buarque, e ainda assim tudo muito nas entrelinhas (Obrigado Tati, te devo mais essa!).
Segunda-feira, 31 de março. Atendendo a um generoso convite de outro aluno, que fora das aulas trabalha como radialista (Valeu Fabiano!), passo o turno da manhã na Rádio da Universidade debatendo, com testemunhas oculares do golpe cívico-militar, seus 44 anos, sempre relembrados, mas nunca comemorados neste dia.
Nesta tarde, sentado diante do papel e da caneta, pensando em uma forma de saldar minha dívida com o amigo Quinsani, começo a me questionar sobre os motivos que fazem com que estes dois assuntos – a Copa do Mundo de 1970 e a ditadura – sejam tão relacionados em nosso subconsciente. É claro que há uma sobreposição temporal entre os piores dias do regime e os melhores dias de Pelé, Rivelino e Cia., assim como é de conhecimento público a utilização do tri-campeonato pelo escrete do Médici. Mas daí a imaginar uma corrente elétrica passando pelo corpo de alguém a cada vez que revemos o Carlos Alberto liquidando com a Itália deveria haver uma certa distância. Deveria.
O problema é que o regime militar não avacalhou apenas com a História do país, com sua economia, com sua política, com a educação que formou a todos nós. Ele conseguiu avacalhar também com uma parte muito importante de nossa memória. Com razão, aquilo que era para ficar em nossa lembrança coletiva como um dos momentos mais iluminados da brasilidade, ao qual o próprio Hobsbawm atribui a condição de arte, acabou, por obra e graça do time verde-oliva-azul-branco e engravatado, associado ao que de mais obscuro temos no século XX. É como uma moeda: sabemos que o lado da alegria é oposto ao lado da infâmia e, infelizmente, ambos formam o mesmo conjunto dentro da memória nacional. É claro que deve haver quem diga que dissocie uma coisa da outra, mas convenhamos que isto é o mesmo que comer brioches ignorando a presença da guilhotina nas ruas de Paris.
Assim como todas as outras perdas do período, também esta é irreparável. Roubaram-nos não a alegria (afinal, esta em alguma medida houve, e tem o péssimo hábito da resistência), mas roubaram-nos a melhor parte da alegria: a pureza de sua lembrança, de poder saber que por um dia fomos felizes como crianças. Gostaríamos de lembrar do tri-campeonato por ele próprio, por ser motivo de felicidade, orgulho e ponto final. Mas não podemos. Por detrás da foto dos onze craques, já meio amarelada, há uma sombra de urubu a nos lembrar que nem tudo naqueles dias era felicidade; ao contrário, tivemos apenas um momento de felicidade em meio a um turbilhão de dor, agruras e incertezas.
Por isto que todos nós, amantes do futebol, deveríamos pleitear o julgamento de mais este crime: queremos o reconhecimento de que nossa sagrada felicidade futebolística – também esta – foi maculada pelo uso que dela fizeram os governos militares, bem como pelos seus atos durante aquele período. Macular desta forma a conquista máxima de nosso maior símbolo de brasilidade foi um crime de lesa-pátria, um crime contra nossa memória, e, como todos os outros, é indigno de perdão ou anistia.

Rio Grande, 31 de março de 2008.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Easy Ryder



Easy Rider: Hippies vs Bikers.

Por Cesar Almeida
BMovies

Para muitos, o filme Easy Rider é o retrato de uma geração. Mas quase sempre é cometido um erro de julgamento quanto aos seus protagonistas, Wyatt (Peter Fonda) e Billy (Dennis Hopper). Para dar um exemplo, basta ver esta frase retirada da sinopse do livro Sem Destino (de Lee Hill, Editora Rocco): “Dois motoqueiros hippies viajando pelos Estados Unidos de motocicletas em busca de uma grande partida de cocaína.” Na verdade, Wyatt e Billy não são hippies, mas apenas motoqueiros (bikers).
Embora pouco conhecidos no Brasil, os filmes de motoqueiros foram praticamente um gênero cinematográfico com cerca de 50 produções realizadas entre 1966 e 1973. Easy Rider é um derivado desta cultura e não um retrato da geração hippie. Obviamente os ideais de liberdade são comuns a ambas filosofias de vida, mas as semelhanças param por aí. O contraste fica evidente no encontro entre Wyatt e Billy com o caroneiro hippie (Luke Askew): Billy demonstra uma visível antipatia pelo viajante. As coisas ficam piores na pequena comunidade visitada pelos três, enquanto Wyatt tenta interagir com as outras pessoas, Billy está completamente horrorizado e não vê a hora de deixar o lugar.
Outro fator interessante é a “profissão” dos heróis de Easy Rider. No início do filme vemos a dupla comprando cocaína no México e a revendendo nos Estados Unidos para um verdadeiro playboy. Na época se fazia uma distinção entre os traficantes de drogas pesadas como a cocaína e a heroína com os vendedores de maconha e alucinógenos: os “pushers” eram os traficantes profissionais, vendedores de drogas pesadas enquanto os “dealers” negociavam maconha e LSD. “Pushers” não eram bem vistos pelas comunidades hippies. A canção “The Pusher”, gravada pelo grupo Steppenwolf, embala a cena em que Wyatt esconde em sua moto o produto da transação com cocaína. Diz a letra:

“You know the dealer, the dealer is a man
With the love grass in his hand
Oh but the pusher is a monster
Good God, he's not a natural man
The dealer for a nickel
Lord, will sell you lots of sweet dreams
Ah, but the pusher ruin your body
Lord, he'll leave your, he'll leave your mind to scream”

“Você conhece o negociante, o negociante é um homem
Com a erva do amor em sua mão.
Ah, mas o traficante é um monstro
Bom Deus, ele não é um homem natural.
O negociante por um tostão vai te vender um monte de doces sonhos.
Ah, mas o traficante arruína o seu corpo.
Senhor, ele vai fazer sua mente gritar.”

Os três astros de Easy Rider têm antecedentes nos “biker movies”. Peter Fonda estrelou “Os Anjos Selvagens” (“The Wild Angels”) de Roger Corman em 1966, o filme que começou o ciclo. Dennis Hopper foi o vilão de “The Glory Stompers”, em 1967, e Jack Nicholson esteve em “Rebeldia indomável” (“The Rebel Rousers”) de 1966 e “Demônios sobre rodas” (“Hells Angels on wheels”) de 1968. Dennis Hopper temia que ele e Fonda pudessem ficar marcados como uma espécie de “John Wayne dos biker movies”.
Os hippies consideravam os motoqueiros como “nobres selvagens”, mas o fim dos anos 1960 apresentou uma nova realidade. No filme “Angels hard as they come”, de 1971, uma menina hippie critica o motoqueiro vivido por Scott Glenn falando sobre a violência cometida pelos Hells Angels no infame concerto gratuito de Altamont (organizado pelos Rolling Stones), o motoqueiro diz que não estava lá e pergunta à moça se ela estava nos assassinatos cometidos pelo grupo de hippies liderados por Charles Manson. Moral da história: os motoqueiros não podem ser julgados por Altamont, os hippies não podem ser julgados por Manson. A luta contra o preconceito é um dos principais caminhos para a liberdade, e a busca pela liberdade é o tema central de Easy Rider acima de qualquer rótulo. Um filme que continua inspirador mesmo após 40 anos de sua realização.

Links:
Livro Sem Destino, de Lee Hill:
http://www.2001video.com.br/detalhes_produto_extra_livros.asp?produto=2010

Concerto de Altamont:
http://en.wikipedia.org/wiki/Altamont_Free_Concert

Hells Angels:
http://en.wikipedia.org/wiki/Hells_Angels

Biker films:
http://www.grindhousedatabase.com/index.php/Category:Bikers



quinta-feira, 10 de abril de 2008

terça-feira, 8 de abril de 2008

1968

1968: O ano que jamais terminará

Atenção:

Todas as vagas foram preenchidas.
Não haverá venda de ingressos avulsos para o dia 12 de abril.

domingo, 6 de abril de 2008

Da intensidade do evento

Da intensidade do evento
Nilza Silva

Se evento é o que acontece à matéria, cada evento ganha importância ao escapar do estado de coisas que lhe dá carne, para insistir sobre outros corpos. Deste modo, foge à própria marca histórica das ações e das paixões pontuais e contamina o mundo. Ao se disseminar, produz fecundações insuspeitáveis. Torna-se intempestivo.
Os eventos de 1968, em Bélgica, Alemanha, França, Espanha, Itália, Tunísia, Venezuela, Polônia, Brasil, Estados Unidos, Tchecoslováquia (atual República Tcheca), Iugoslávia (atuais Sérvia e Montenegro), Argentina, Uruguai, Colômbia, México, emergem de longa marcha e seguem adiante. Empurram a pensar e a agir. Queira-se ou não.
As mutações em curso – operadas dentro dos mais diversos conteúdos e matizes – oferecem resistência à voracidade do capitalismo, do colonialismo e do imperialismo, à burocratização do socialismo e às coações instituídas nas relações de forças cotidianas. Elas dão vigor a um processo mais do que anunciam resultados.
Quatro intelectuais – cada um a seu modo – se fazem contaminar por esses eventos. Cada um expressa sua intercessão nos embates travados.
Gilles Deleuze (1925-1995), docente da Sorbonne, participa do Grupo de Informação sobre as Prisões (GIP), que trabalha para dar voz aos detentos, em prisões francesas. Em 1990, escreve:

“Uma espécie de passagem à política, eu a fiz por minha conta, com maio de 68, à medida em que eu tomava contato com problemas precisos, graças a Guattari, graças a Foucault, graças a Elie Sambar”.

“Maio de 68 foi a manifestação, a irrupção de um devir em estado puro. Hoje, a moda é denunciar os horrores da revolução. (...) Diz-se que as revoluções têm um mau porvir. Mas não se cessa de misturar duas coisas, o porvir das revoluções dentro da história e o devir revolucionário das gentes. Não são mesmo as mesmas gentes nos dois casos. A única chance dos homens está no devir revolucionário, que pode só conjurar a vergonha ou responder ao intolerável”.[1]

Félix Guattari (1930-1992), na França, participa da luta antimanicomial e de grupos de pesquisas institucionais, que se ocupam de construir micropolíticas propulsoras de autogestão. Em 1986, declara:

“Às vésperas de 68, eu tinha o sentimento de estar sobre uma vaga portentosa, de fazer surf, articulando toda sorte de vetores de inteligência coletiva. Ruptura com ‘A via comunista’, com um estilo militante um pouco dogmático, um pouco atrasado...”.

“Para mim, o pós-68 eram os comitês de ação, a alternativa à psiquiatria, os movimentos femininos, o movimento homossexual... Eu esperava que se ia prosseguir uma elaboração coletiva, mas se colocou a reinar uma espécie de interdição de pensar”.[2]

Michel Foucault (1926-1984), docente de Nanterre, luta em defesa dos estudantes presos em manifestações, na Tunísia. Na França, participa de manifestações e assembléias na Sorbonne e do Grupo de Informação sobre as Prisões (GIP). Em entrevista, em 1978, diz:

“Eu vivi num país do terceiro mundo, na Tunísia, durante dois anos e meio. Uma experiência impressionante: um pouco antes do mês de maio na França, se produziu lá revoltas estudantis muito intensas. Estava-se em março de 1968: greves, interrupções de cursos, prisões e greve geral dos estudantes. A polícia entrou na Universidade, caceteou numerosos estudantes, feriu gravemente vários dentre eles e os jogou na prisão. Alguns foram condenados a oito, dez e mesmo quatorze anos de prisão”.

“Eu fui profundamente impressionado por estas moças e estes moços que se expunham a riscos formidáveis, redigindo um folheto, distribuindo-o ou apelando à greve. Foi para mim, uma verdadeira experiência política”.

“É certo que, sem maio de 1968, jamais eu teria feito o que eu fiz, a propósito da prisão, da delinqüência, da sexualidade”.

“Eu ensaiei fazer coisas que implicam um engajamento pessoal, físico e real, e que poriam os problemas em termos concretos, precisos, definidos no interior de uma situação dada”.

“Pareceu-me que um novo tipo de reportações e de trabalho comum, diferente do passado, entre intelectuais e não intelectuais, era, doravante, possível”.[3]

Maurice Blanchot (1907-2003) participa de manifestações na Sorbonne, ao lado de Michel Foucault. Em 1986, escreve:

“O que quer que digam os detratores de maio, este foi um belo momento, quando cada um podia falar ao outro, anônimo, impessoal, homem dentre os homens, acolhido sem outra justificação senão de ser um outro homem”.[4]

E assim, embutido na duração do mundo, o ano de 1968, ele próprio tornado evento, subsiste.

Nilza Silva, 57, psicóloga.

Abril de 2008.

[1] DELEUZE, Gilles. Pourparlers. Paris: Les Éditions de Minuit, 1997, capítulo V, p. 230 e p. 231.
[2] GUATTARI, Félix. Les années d’hiver. 1980-1985. Paris: Bernard Barrault, 1986, capítulo I, p. 84 e p. 84-85.
[3] FOUCAULT, Michel. Dits et écrits. 1954-1988. Paris: Gallimard, 1994, tomo IV, p. 78, p. 80 e p. 81.
[4] BLANCHOT, Maurice. Michel Foucault tel que je l’imagine. Paris: Fata Morgana, p. 9-10.

domingo, 30 de março de 2008

1968

1968: O ano que jamais terminará
Atenção:
Todas as vagas foram preenchidas.
Não haverá venda de ingressos avulsos para o dia 05 de abril.
Abaixo as fotos do primeiro dia do evento:




quarta-feira, 26 de março de 2008

Bernardo Bertolucci


A carreira do cineasta italiano Bernardo Bertolucci é marcada pela polêmica e pela ousadia. Filho do poeta Attilio Bertolucci foi assistente de Pasolini e iniciou sua carreira em 1962. Dez anos depois, realizaria sua obra mais polêmica, controversa e discutida até os dias atuais: O último Tango em Paris. O introspectivo, soturno e entediado Marlon Brando vagueia em busca de experiências, de descobertas e de seu passado contracenando com a jovem Romy Schneider. Entrou para os anais cinematográficos a famosa cena da manteiga protagonizada pelos dois atores. O curioso, como aponta Paulo Menezes, é que a cena seguinte, onde Brando entrega uma tesoura a Romy e pede que ela corte suas unhas para depois viola-lo é muito mais impactante e pouco lembrada pelo imaginário cinematográfico. Polêmicas e preconceitos a parte o filme apresenta um belo retrato da depressão e da angústia existencial e sexual do final dos anos 1960 e início dos anos 1970.

Antes de O último Tango em Paris, em 1970, Bertolucci filmou O Conformista, um filme que ainda precisa ser redescoberto. Neste inquietante e provocante retrato da atuação de um indivíduo durante o governo fascista Bertolucci exercitou uma narrativa e estética que seria retomada em suas obras posteriores. Destaque também para a grande atuação de Jean Luis Trintignant.

Bertolucci também se antecipou ao interesse pela China e sua história com O último imperador (1987) e O pequeno Buda (1993), filmes de tom épico. Retornou a Itália através de duas personagens estrangeiras em dois filmes mais intimistas: Beleza Roubada (com a estonteante Liv Tyler) em 1996 e Assédio (com a belíssima Thandie Newton) em 1998.

Com Os sonhadores Bertolucci retoma a abordagem de um contexto passado (o maio de 1968) abordando a presença de um estrangeiro e seu olhar e formas de relacionamento com a cultura local. Ganha destaque a trilha sonora com Janis Joplin e Edith Piaf e a abordagem do próprio cinema como um “personagem” presente no filme.

O olhar da atualidade sobre o contexto de 1968. Com esta obra tem início o curso de extensão: “1968: O ano que jamais terminará” analisado criticamente pelos mestres Luiz Dario Teixeira Ribeiro e Robert Ponge.

quinta-feira, 20 de março de 2008

PROGRAMAÇÂO


CURSO DE EXTENSÃO:
CICLO DE CINEMA HISTÓRIA E EDUCAÇÃO (60 horas)
SALA REDENÇÃO - SÁBADOS – 15:30 ÀS 19:00
DE 29 DE MARÇO A 19 DE JULHO
CURSO COMPLETO (15 FILMES MAIS CERTIFICADO): R$ 15,00
INGRESSOS AVULSOS: R$ 2,00
INSCRIÇÕES NO LOCAL: SALA REDENÇÃO: RUA ENG LUIZ ENGLERT S/N
CAMPUS CENTRO DA UFRGS – PORTO ALEGRE /RS
A PARTIR DO DIA 29 DE MARÇO

1ª Jornada. A visão contemporânea sobre 68.
1. “Os Sonhadores” (The Dreamers) Direção: Bernardo Bertolucci. Com Eva Green, Louis Garrel, Michael Pitt. Drama, 114 min, Itália, 2004.
Dia: 29/03/08
Comentadores: Luiz Dario Teixeira Ribeiro e Robert Ponge.

2ª Jornada. 68 nos EUA. O conflito do Vietnam.
2. “Corações e Mentes” (Hearts and Minds) Direção: Peter Davis, Documentário, 112 min Estados Unidos, 1974.
Dia: 05/04/08
Comentadores: Nilo Piana de Castro e Guilherme Senger

3ª Jornada. 68 nos EUA. A questão racial.
3. “Panteras Negras” (Panther). Direção: Mario Van Peebles. Com: Kadeem Hardison, Bokeem Woodbine, Joe Don Baker, Courtney B. Vance, Tyrin Turner. Drama, 124 min. Estados Unidos, 1995.
Dia: 12/04/08
Comentadores: Mathias Seibel Luce e Sandro Gonzaga

4ª Jornada. 68 nos EUA. A contracultura e o movimento hippie.
4. “Sem Destino” (Easy Rider) Direção: Dennis Hooper. Com: Peter Fonda, Dennis Hooper, Jack Nicholson. Drama, 95 min. Estados Unidos, 1969.
Dia: 26/04/08
Comentadores: Maria Luiza Martini e Ricardo Fitz

5ª Jornada. 68 na América Latina. O contexto da ditadura brasileira.
5. “Pra frente Brasil” Direção: Roberto Farias. Com Reginaldo Faria, Antonio Fagundes, Cláudio Marzo, Natália do Vale. Drama, 105 min, Brasil, 1983.
Dia: 10/05/08
Comentadores: Adolar Koch e Caroline Silveira Bauer

6ª Jornada. A autocrítica cinematográfica e a questão social.
6. “Um convidado bem trapalhão” (The Party). Direção: Blake Edwards. Com: Peter Sellers, Claudine Longet, Marge Champion, Comédia, 99 min, Estados Unidos, 1968.
Dia: 17/05/08
Comentadores: Carla Brandalise e Tais Campello.

7ª Jornada. O contexto europeu. A Primavera de Praga.
7. “A confissão” (L’Aveu) Direção: Konstantinos Costa-Gavras. Com: Yves Montand, Simone Signoret, Gabriele Ferzetti, Michel Vitold, Jean Bouise, László Szabó, Drama, min, França, 1970.
Dia: 24/05/08
Comentadores: Alexandre Andrade e Lélio Valdez

8ª Jornada. O contexto europeu. O cinema e o cenário político europeu.
8. “Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita” (Indagine su un citadino al di sopra di ogni sospetto) Direção: Elio Petri. Com: Gian Maria Volonté, Florinda Bolkan. Drama, 114 min, Itália, 1970.
Dia: 31/05/08
Comentadores: José Rivair Macedo e Rafael Hansen Quinsani

9ª Jornada. O contexto europeu. O elemento surrealista e feminino na cultura dos anos 1960.
9. “A bela da tarde” (Belle de jour) Direção: Luis Buñuel. Com: Catherine Deneuve, Jean Sorel, Michel Piccoli, Francisco Rabal. Drama, 100 min, França/Itália, 1967.
Dia: 07/06/08
Comentadores: Letícia Schneider e José Orestes Beck

10ª Jornada. 68 nos EUA. O submundo e marginalidade nos EUA.
10. “Perdidos na noite” (Midnight Cowboy). Direção: John Schlesinger. Com: Jon Voight, Dustin Hoffman, Brenda Vaccaro, Sylvia Miles, John McGiver. Drama, 113 min, Estados Unidos, 1969.
Dia: 14/06/08
Comentadores: Cesar Augusto Barcellos Guazzelli e Arthur de Ávila.

11ª Jornada. 68 na América Latina
11. “Vai trabalhar vagabundo” Direção: Hugo Carvana. Com: Hugo Carvana, Odete Lara, Paulo César Pereio, Nelson Xavier, Wilson Gray. Comédia, 100 min, Brasil, 1974.
Dia: 21/06/08
Comentadores: Cláudia Wasserman e Clarissa Brasil

12ª Jornada. Cenários ‘futuros’, presentes constantes. A visão catastrófica do futuro
12. “O Planeta dos Macacos” (Planet of the Apes) Direção: Franklin J. Shaffner. Com: Charlton Heston, Roddy McDowall, Kim Hunter, Maurice Evans, James Witmore, Linda Harrison. Ficção Científica, 112 min., Estados Unidos, 1968.
Dia: 28/06/08
Comentadores: Enrique Serra Padrós e Lucas Monteiro.

13ª Jornada. Cenários ‘futuros’, presentes constantes. A visão psicodélica do futuro.
13. “Barbarella” (Barbarella) Direção: Roger Vadim. Com: Jane Fonda. Ficção Científica, 98 min., Estados Unidos, 1968.
Dia: 05/07/08
Comentadores: Cesar Augusto Barcellos Guazzelli e Charles Sidarta Machado Domingos

14ª Jornada. Cenários ‘futuros’, presentes constantes. Desenhando um futuro sombrio pelo presente desconcertante.
14. “A noite dos mortos vivos” (Night of the living dead) Direção: George Romero. Com: Duane Jones, Judith O’Dea, Russerll Streiner, Karl Hardmin, Keith Wayne. Horror, 96 min, Estados Unidos, 1968.
Dia: 12/07/08
Comentadores: Paulo Roberto Guadagnin e César Augusto Oliveira de Almeida

15ª Jornada. A contestação contemporânea. Contestação, resistência e rebeldia nos dias atuais.
15. “The Edukators”. Direção: Hans Weingartner. Com: Daniel Brühl, Julia Jentsch, Stipe Erceg. Drama, 127 min, Áustria/Alemanha, 2004.
Dia: 19/07/08
Comentadores: Enrique Serra Padrós e Gabriela Rodrigues.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Abertura

“68: O ano que jamais terminará”

CURSO DE EXTENSÃO:
CICLO DE CINEMA HISTÓRIA E EDUCAÇÃO (60 horas)

De 29 de março a 19 de julho
Sala Redenção – UFRGS


“Os Sonhadores”
(The Dreamers) Direção: Bernardo Bertolucci.

“Corações e Mentes”
(Hearts and Minds) Direção: Peter Davis.

. “Panteras Negras”
(Panther). Direção: Mario Van Peebles.

“Sem Destino”
(Easy Rider) Direção: Dennis Hooper.

“Pra frente Brasil”
Direção: Roberto Farias.

“Um convidado bem trapalhão”
(The Party). Direção: Blake Edwards.

“A confissão”
(L’Aveu) Direção: Konstantinos Costa-Gavras.

“Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita”
(Indagine su un citadino al di sopra di ogni sospetto) Direção: Elio Petri.

“A bela da tarde”
(Belle de jour) Direção: Luis Buñuel.

“Perdidos na noite”
(Midnight Cowboy). Direção: John Schlesinger.

“Vai trabalhar vagabundo”
Direção: Hugo Carvana.

“O Planeta dos Macacos”
(Planet of the Apes) Direção: Franklin J. Shaffner.

“Barbarella”
(Barbarella) Direção: Roger Vadim.

“A noite dos mortos vivos”
(Night of the living dead) Direção: George Romero.

“The Edukators”
Direção: Hans Weingartner.