quarta-feira, 26 de março de 2008

Bernardo Bertolucci


A carreira do cineasta italiano Bernardo Bertolucci é marcada pela polêmica e pela ousadia. Filho do poeta Attilio Bertolucci foi assistente de Pasolini e iniciou sua carreira em 1962. Dez anos depois, realizaria sua obra mais polêmica, controversa e discutida até os dias atuais: O último Tango em Paris. O introspectivo, soturno e entediado Marlon Brando vagueia em busca de experiências, de descobertas e de seu passado contracenando com a jovem Romy Schneider. Entrou para os anais cinematográficos a famosa cena da manteiga protagonizada pelos dois atores. O curioso, como aponta Paulo Menezes, é que a cena seguinte, onde Brando entrega uma tesoura a Romy e pede que ela corte suas unhas para depois viola-lo é muito mais impactante e pouco lembrada pelo imaginário cinematográfico. Polêmicas e preconceitos a parte o filme apresenta um belo retrato da depressão e da angústia existencial e sexual do final dos anos 1960 e início dos anos 1970.

Antes de O último Tango em Paris, em 1970, Bertolucci filmou O Conformista, um filme que ainda precisa ser redescoberto. Neste inquietante e provocante retrato da atuação de um indivíduo durante o governo fascista Bertolucci exercitou uma narrativa e estética que seria retomada em suas obras posteriores. Destaque também para a grande atuação de Jean Luis Trintignant.

Bertolucci também se antecipou ao interesse pela China e sua história com O último imperador (1987) e O pequeno Buda (1993), filmes de tom épico. Retornou a Itália através de duas personagens estrangeiras em dois filmes mais intimistas: Beleza Roubada (com a estonteante Liv Tyler) em 1996 e Assédio (com a belíssima Thandie Newton) em 1998.

Com Os sonhadores Bertolucci retoma a abordagem de um contexto passado (o maio de 1968) abordando a presença de um estrangeiro e seu olhar e formas de relacionamento com a cultura local. Ganha destaque a trilha sonora com Janis Joplin e Edith Piaf e a abordagem do próprio cinema como um “personagem” presente no filme.

O olhar da atualidade sobre o contexto de 1968. Com esta obra tem início o curso de extensão: “1968: O ano que jamais terminará” analisado criticamente pelos mestres Luiz Dario Teixeira Ribeiro e Robert Ponge.

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